A disputa é para a administração local, mas o jogo de poderes que
envolvem as Eleições municipais vai muito além dos interesses mais
básicos dos moradores das cidades envolvidas.
Lideranças nacionais tiveram papel preponderante na escolha de novos
prefeitos país afora. O resultado das urnas pode ser interpretado como
termômetro da administração federal — indicando como se dará o jogo
político em 2014.
— Esse reflexo se dá sobretudo em grandes cidades, em grandes colégios eleitorais que têm segundo turno.
Veja quem são os dez protagonistas dessas Eleições, na lista
elaborada pela BBC Brasil, com colaboração dos especialistas citados.
1. Dilma e o governo
A presidente disse que não subiria no palanque nas Eleições
municipais, mas subiu. Dilma teve papel importante na eleição de
Fernando Haddad em São Paulo, ex-ministro da Educação. Chegou até a
abrir espaço em seu ministério para a senadora Marta Suplicy, preterida
na campanha paulistana.
Dilma também empenhou forças em Belo Horizonte, onde rivalizou com o
senador Aécio Neves, seu possível rival tucano em 2014. Mas, seu
candidato, Patrus Ananias, foi derrotado pelo atual prefeito, Márcio
Lacerda (PSB).
2. Lula e o PT
Fora do Planalto e após tratar um câncer, o ex-presidente Luis Inácio
Lula da Silva voltou com toda força ao jogo político. Ele foi o grande
fiador de Fernando Haddad, em São Paulo — derrotando o antigo rival José
Serra.
O ex-presidente subiu em palanques de diversas cidades, mas não
conseguiu assegurar vitórias em municípios importantes. No Recife, a
prefeitura foi perdida para o PSB. Em Salvador, a vitória foi de ACM
Neto, do DEM.
3. José Serra
Liderança histórica do PSDB, ex-ministro, ex-governador e ex-prefeito, José Serra sai da campanha fragilizado.
A derrota para Haddad coloca em xeque a viabilidade de sua
candidatura para cargos executivos no futuro. No PSDB, ele deve ter
poucas chances para superar a candidatura à Presidência de Aécio Neves.
Colaboraram para sua derrota em São Paulo a administração impopular
do atual prefeito e seu apadrinhado Gilberto Kassab e polêmicas em
relação ao chamado kit-gay.
4. Fernando Haddad
Fernando Haddad é a cara nova do PT em São Paulo. Quadro técnico do
partido, Haddad virou ministro da Educação de Lula na reforma
ministerial causada pelo escândalo do mensalão.
Na campanha, enfrentou críticas sobre erros na aplicação do Enem.
Também foi atacado por setores conservadores por promover o chamado
kit-gay — parte da política anti-homofobia de seu ministério.
Apesar da estreia tímida na campanha, o candidato cresceu, passou ao segundo turno e impôs uma derrota marcante ao PSDB.
5. Aécio Neves e o PSDB
Ex-governador mineiro e provável candidato do PSDB à Presidência em
2014, Aécio Neves fez das Eleições municipais uma plataforma para se
projetar nacionalmente como oposição ao governo Dilma.
Aécio sai fortalecido com a derrota de seu principal rival tucano,
José Serra. Além disso, assegurou a vitória de seu candidato, Márcio
Lacerda, em Belo Horizonte.
Já o PSDB, apesar de conquistar prefeituras importantes como a de
Belém e Manaus, sai fragilizado com a perda de seu principal reduto: São
Paulo.
6. Eduardo Campos e o PSB
O governador de Pernambuco Eduardo Campos talvez tenha sido o grande
favorecido nas eleições municipais. Seu partido, o PSB, foi o que mais
cresceu entre as grandes e médias legendas do país, conquistando 442
prefeituras.
O PSB manteve a prefeitura de Belo Horizonte, derrotou o PT em
Recife, avançou sobre cidades do interior como Campinas (SP) e se portou
como ameaça ao PT.
A aproximação com Aécio Neves abriu especulações sobre aspirações de
Campos para 2014, como uma eventual candidatura à Presidência.
7. Paes, Cabral e o PMDB
O PMDB permaneceu como o partido que mais elege prefeitos no país, com 1024 prefeituras.
O vice-presidente Michel Temer teve papel importante nas
articulações, permanecendo afinado com o PT de Dilma. A principal
vitória do partido foi a reeleição em primeiro turno de Eduardo Paes, no
Rio de Janeiro, Estado também governado pelo PMDB.
8. Kassab e o PSD
O prefeito de São Paulo tem motivos para comemorar e lamentar os
resultados das urnas. O partido fundado por ele conquistou 497
prefeituras e teve um crescimento significativo no cenário político
nacional. Por outro lado, a administração mal avaliada de Kassab fez
dele um dos principais responsáveis pela derrota de Serra em São Paulo.
9. STF e o mensalão
De forma indireta, o STF (Supremo Tribunal Federal) teve papel
preponderante nas Eleições ao confirmar a constitucionalidade da lei da
Ficha Limpa, que barrou muitas candidaturas país afora.
Durante as eleições, o STF também julgou o mensalão, maior escândalo
de corrupção do país nos últimos anos. A oposição tentou usar o
julgamento para desconstruir a imagem do PT. Mas, ainda não é possível
definir o real impacto do julgamento no resultado das eleições.
10. DEM
Principal parceiro do PSDB durante os oitos anos do governo FHC, o
Democratas, que já havia perdido terreno nas Eleições de 2010,
destaca-se por diminuir ainda mais. A perda de relevância do partido,
que já teve preponderância em Brasília, deve ter impacto no plano
nacional. O partido conquistou 278 prefeituras, uma redução de quase 50%
em relação às que controlava. Por outro lado recuperou Salvador, com a
vitória de ACM Neto
(fonte R7)
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